RESUMO
WALLE, John A.Van
de. Ensinando pela Resolução de Problemas. In: Matemática no Ensino
Fundamental – Formação de Professores e Aplicação em Sala de Aula. Porto
Alegre: Editora Artmed, 2009. Cap. 4 e 5.
Cláudio
Alves de Melo
Aline
Guimarães Ferreira Lazari
1
– CONTEXTUALIZAÇÃO
Existem diversas pesquisas que falam sobre a
“Metodologia de Resolução de Problemas” no processo ensino/aprendizagem da
Matemática, mas na prática os professores ainda não conseguem desenvolver esse
tipo de trabalho, fazendo surgir muitas problematizações a respeito do assunto.
Conforme os PCN’s de Matemática (BRASIL, 1998), a “Metodologia
de Resolução de Problemas” possibilita aos estudantes mobilizar conhecimentos e
desenvolver a capacidade de codificar as informações matemáticas. Assim, os
estudantes acabam por automaticamente ampliar seus conhecimentos em relação aos
conceitos e procedimentos da matemática e, ampliam a visão que possuem dos
problemas, da própria Matemática, da realidade em geral, com isso passam a
gostar de matemática.
Vivenciamos a todo tempo em nossas vidas o exercício
de resolver problemas, os quais exigem soluções simples, mas também complexas e
até estratégicas de enfrentamento. Tal aprendizado ajuda o estudante a
enfrentar múltiplas situações em quaisquer outras disciplinas.
Presumimos então, que é de extrema necessidade que os
educadores que trabalham com a disciplina de matemática compreendam a melhor
maneira de desenvolver esta metodologia, a fim de provocar no aluno a vontade e
dar a capacidade necessária de resolver situações problemas, promovendo a
interação entre os estudantes, o desenvolvimento da comunicação, da criatividade
e da criticidade.
Uma atividade baseada na resolução de problema pode causar
um envolvimento sobre múltiplas coisas, ou seja, pode envolver muito mais do
que a simples resolução das operações contidas no seu enunciado. Possibilita
assim, ao estudante desenvolver autonomia estratégica para buscar seus próprios
caminhos para solucionar à sua maneira os problemas que lhe é dado, de acordo
com sua realidade e raciocínio. Para Walle (2010), “Um problema é definido aqui como qualquer tarefa ou atividade no qual
os estímulos não tenham nenhum método ou regra já receitados ou memorizados e
nem haja uma percepção por parte dos estudantes de que haja uma percepção”
(WALLE et al., 1997, p. 57).
2
- DESENVOLVIMENTO
2.
1 - Quanto às Características
O problema deve começar onde os alunos estão – o
projeto de tarefas deve levar em consideração a compreensão atual dos
estudantes. Ou seja, as tarefas devem ter sentidos;
O aspecto problemático ou envolvente do problema
deve estar relacionado à matemática que os alunos vão aprender – ao resolver os
problemas os alunos devem estar preocupados principalmente em dar significados
à matemática envolvida;
A aprendizagem matemática deve requerer justificativa
e explicações para as respostas e os métodos – os estudantes devem compreender
que a responsabilidade para determinar se as respostas estão corretas e por que
elas estão corretas também é deles.
2.2
- Quanto ao Valor que o Problema Possui no Ensino
A resolução de problemas concentra a atenção dos
alunos sobre as ideias e em dar sentido às mesmas – ao resolverem os problemas,
os alunos necessariamente estão refletindo sobre as ideias inerentes aos
problemas;
A resolução de problemas desenvolve nos alunos a
convicção de que eles são capazes de fazer matemática e de que a matemática faz
sentido – toda vez que a turma resolve um problema e os alunos desenvolvem sua
compreensão, a autoconfiança e a autoestima são ampliadas e fortalecidas;
A resolução de problemas fornece dados contínuos
para a avaliação que podem ser usados para tomar decisões educacionais, ajuda
os alunos a ter bom desempenho e manter os pais informados;
A resolução de problemas possibilita um ponto de
partida para uma ampla gama de alunos – cada aluno consegue dar significado à
tarefa usando suas próprias ideias, expandem estas ideias e desenvolvem
compreensão;
Uma abordagem de resolução de problemas envolve os
estudantes de modo que decorrem menos problemas de disciplina – os alunos que
resolvem problemas de modo que lhes faça sentido considera o processo intrinsecamente
recompensador;
Resolução de problemas desenvolve o “potencial
matemático” e pode ser muito divertida – os alunos que resovem problemas serão
envolvidos em todos os cinco Padrões de Processos descritos pelo documento
Princípios e Padrões do NCT, aprendem a argumentar, comunicar, conectar e
representar.
2.3
- Quanto ao Formato de Aula (Três Fases)
FASE ANTES
|
Preparando os Alunos
• Verifique
se o problema foi compreendido;
• Ative
os conhecimentos prévios uteis;
• Estabeleça
expectativas claras para os produtos.
|
FASE DURANTE
|
Alunos Trabalhando
• Deixe
os alunos construírem seu conhecimento.
• Evite
antecipações desnecessárias;
• Escute
cuidadosamente;
• Forneça
sugestões adequadas;
• Observe
e avalie.
|
FASE DEPOIS
|
Alunos Debatendo
• Encoraje
a formação de uma Com. de Estudantes;
• Escute
e aceite sugestões dos estudantes;
• Sintetize
as principais ideias e identifique problemas.
|
2.4
- Quanto a Importância da Escrita do Estudante
É muito interessante fazer
os estudantes escreverem uma explicação de seu processo de resolução do
problema; o ato da escrita é um processo reflexivo; um
relatório escrito é um ensaio para o momento de discussão; um relatório também
é um registro que permanece quando a lição acaba; oriente os alunos a começar
seus relatórios assim: “Nós pensamos que a resposta é __________, porque
___________.”; use palavras, figuras e números para explicar como você
conseguiu sua resposta e porque acredita que sua resposta faz sentido e está
correta.
2.5
- Quanto ao Desenvolvimento de Estratégias de Resolução de Problemas
As seguintes estratégias são mais prováveis de
ocorrer em lições onde o conteúdo matemático é o principal objetivo: desenhar
uma figura, simular algo, usar um modelo; procurar um padrão; construir uma
tabela ou quadro; experimentar uma forma mais simples do problema; experimentar
e verificar.
2.6
- Planejando Uma Lição Baseada em Resolução de Problemas
No texto o autor apresenta uma espécie de guia passo
a passo para o planejamento baseadas em resolução de problemas. Ele enfatiza a
importância do planejamento, lembrando que toda turma é diferente, a escolha da
tarefa e como será aplicada deve ser planejada diariamente.
Primeiro
Passo: Comece com a matemática! Apresente claramente as
ideias que você quer que os alunos aprendam como resultado da aula. Coloque os
conceitos matemáticos primeiro!
Segundo
Passo: Tenha seus alunos em mente! O que eles sabem ou
compreendem sobre os assuntos abordados? Eles estão preparados para operar essa
parte da matemática? Ou há ideias fundamentais que eles ainda não
desenvolveram? Certifique-se de que os seus objetivos não estejam fora do
alcance deles. Apresente ideias novas ou pouco conhecidas por eles. Não há
sentido em repetir velhas ideias.
Terceiro
Passo: Escolha uma tarefa! Busque a simplicidade, boas
tarefas não precisam ser superelaboradas.
Quarto
Passo: Antecipe o que vai acontecer! Pense se todo
estudante em sua turma tem uma chance de se envolver neste problema? Mesmo que
cada uma possa manejar diferente. Esse também é um bom momento para pensar se
eles trabalharão sozinhos, em duplas ou grupo. O trabalho em grupo pode ser um
recurso auxiliar aos que precisam de uma ajuda extra.
Quinto
Passo: Articule as responsabilidades dos alunos! Você
sempre vai querer mais do que respostas. Decida de que maneira lhe apresentarão
seus resultados. Por escrito, apresentação ou outros.
Sexto
Passo: Planeje a fase “antes” da lição! Reflita e prepare
como será aplicada a tarefa. Podendo ser escrita, em livros, apresentada em
slides...
Sétimo
Passo: Pensar na fase “durante” a lição! Que dicas ou
orientações você pode planejar para dar aos que ficam “bloqueados”? Pense em
desafios que você possa propor aos que terminam primeiro. Estime quanto tempo
será dado a eles e os avise com antecedência.
Oitavo
Passo: Pense sobre a fase “depois” da lição! Como iniciar
a discussão da tarefa? Podemos listar as respostas e discuti-las em grupo,
buscando explicação e justificativas de como tiveram essas respostas. Se for
debatido oralmente pense em uma forma de anotar no quadro.
Nono
Passo: Escreva seu planejamento da lição! Refletindo sobre
todos os passos, um planejamento é simplesmente uma listagem das decisões
críticas que você já tomou. Faça anotações de avaliação, defina quem e como
você quer avaliar.
2.7
- Amostras de Lições
O autor apresenta duas amostras de lições, que são
chamadas de “lições expandidas”. A primeira amostra foi projetada para turmas
de 4° e 5° série; E a segunda amostra é pensada para E.F. I ou 1°série.
A primeira é chamada de minilições, muitas
atividades não requerem um período completo de aula. Uma estratégia proveitosa
para pequenas tarefas é pensar em duplas. O primeiro passo é fazer o aluno
pensar e desenvolver ideias para desenvolver a tarefa, depois em dupla tem a
oportunidade de articular e por fim apresentar.
A segunda lição é chamada de Estações de
aprendizagem e jogos. A ideia é criar estações ao redor da sala, dessa forma
todos também conseguem acessar materiais ou “jogos” da atividade, bem melhor do
que se olhassem todos juntos. Pode ser trabalhada em pequenos grupos ou
individualmente, a ideia é preparar quatro ou oito atividades diferentes.
Desenvolvendo discussões sobre as estratégias usadas em cada estação.
2.8
- Exercício ou Prática
O uso de listas de exercícios e prática é uma
estratégia usada regularmente em quase todas as salas de aula. Normalmente os
livros didáticos terminam com uma seção que consiste em exercícios. Supõe-se
que esse trabalho fixe as ideias recém-aprendidas, que superficialmente parece
fazer sentido. Levanta-se uma questão: O que todos esses exercícios nos
fizeram? Durante décadas se repetem nas salas de aula e muita gente já adulta
diz: “Nunca fui bom em matemática”.
Na realidade, os exercícios só podem ajudar os
estudantes a ficarem mais rápidos no que eles já sabem. Os exercícios de
fixação não são atividades reflexivas e sim repetitivas; pede aos alunos para
fazerem o que eles já sabem fazer.
O que os exercícios de fixação promovem?
- Uma maior facilidade com a estratégia, mas apenas com a estratégia aprendida;
- Um enfoque em um método singular e uma exclusão de alternativas flexíveis;
- Uma falsa aparência de compreensão;
- Uma visão orientada de regras da natureza matemática
A prática em essência é o que o texto propõe,
proporciona aos estudantes amplas e variadas oportunidades para refletir sobre
ou criar novas ideias por meio de tarefas baseadas em resolução de problemas. É
importante apontar que práticas podem e desenvolvem habilidades.
Não é para deixar os exercícios de fixação de lado,
mas eles não precisam acontecer com tanta frequência.
O que a prática promove?
- Uma oportunidade ampliada para desenvolver ideias conceituais e conexões mais elaboradas e uteis;
- Uma oportunidade para desenvolver estratégias alternativas e flexíveis;
- Uma chance maior de todos os estudantes compreenderem e não apenas alguns;
- Uma mensagem clara de que a matemática é compreender e dar sentido às coisas.
2.9
- Tarefa de Casa
A tarefa de casa é uma oportunidade de envolver os
alunos em atividades de prática baseada em resolução de problemas.
A dificuldade da tarefa tem que estar ao alcance dos
alunos, em casa eles estarão trabalhando sozinhos ao invés de com um colega ou
grupo. Mantenha a tarefa pequena e particularmente um exercício de fixação não
é tão divertido.
A partir da 3° série, os estudantes são capazes de
verificar seu próprio trabalho, eles não devem mudar suas respostas, mas sim
repetir o que erraram ou descrever qual foi seu erro com seu auxílio.
Corrija
apenas o que foi ou não completado, não penalize as erradas, use como
oportunidades para ajudar os alunos ao desenvolvimento da questão.
2.10
- Sugestões Para o Uso do Livro Didático
Ensine as ideias ou conceitos importantes, não as
páginas. Considere mais os objetivos do capítulo do que as atividades da lição;
Pense nos conceitos das lições como ideias para planejar mais atividades
baseadas em resolução de problemas.
Os estudantes não têm que preencher as
páginas de fato, às vezes nem abrir o livro ajuda a entender a tarefa; Deixe o
ritmo das lições ser determinada pela compreensão dos alunos, ao invés de ter
que seguir normas artificiais de duas páginas por dia; Use as ideias da edição
do professor, pois sugerem atividades alternativas em sua maioria;
Lembre-se que não há lei que diga que toda página
deve ser feita ou exercício completo, selecione atividades adequadas as suas
metas instrucionais em vez de elaborar um ensino para acompanhar um texto.
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