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quinta-feira, 9 de agosto de 2018


ENSINAR EXIGE...




Cláudio Alves de Melo
Inspirado na Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire

Ensinar exige...
Rigorosidade metódica,
Curiosidade e criatividade sóbrias,
Respeito aos saberes e culturas diversos,
Refletir sobre a prática,
Reconhecimento da diversidade,
Consciência do inacabado,
Reconhecimento do ser condicionado,
Respeito a autonomia,
Bom senso e humildade,
Apreensão da realidade,
Alegria e esperança,
Segurança e competência,
Liberdade com autoridade,
Saber escutar e dialogar,
Ensinar exige tomada consciente de decisões,
Ensinar não é transferir conhecimento simplesmente, pois...
Não existe docência sem discência.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UM CONTO VERDADEIRO

O MENINO CARREGADOR DE FEIXES DE BAMBUS

Imagem Meramente Ilustrativa

By Cláudio Melo


Ainda chovia forte sobre os bambuzais de Cachoeira, região serrana do Rio de Janeiro, nas trilhas em meio aos bambuzais corria as águas da chuva em meio à lama e às pilhas de feixes de bambus. Era o sinal de que o meu primeiro dia de trabalho chegava ao fim e eu com 8 anos de idade carregava meu último feixe de bambu e após isso, estaria liberado para voltar para casa.

Antes de enfrentar a viagem de volta para casa, normalmente longa, ainda era preciso encarar as bebedeiras de fim de dia do meu pai. Foram cerca de nove meses de trabalho infantil subindo e descendo trilhas e trilhas com feixes de bambus pesadíssimos em meio a infindáveis plantações de bambus, e as minhas reclamações eram inevitáveis.

"Era uma vida dura" para um menino de apenas 8 anos. O trabalho começava às 6 da manhã e ia até ao anoitecer, mas o dia começava ainda de madrugada, entre 4 e 5 horas, porque não havia transporte e o caminho, como já disse era longo.

Na época, apesar de já ser alfabetizado estava afastado da escola. Lembro-me que a maioria dos que trabalhavam conosco mal sabiam ler e escrever o nome. Confrontados com o fato de que trabalhavam como escravos, os cortadores e carregadores respondiam com indiferença. Mal sabiam que o cultivo do bambu pode provocar impactos altamente lucrativos na economia. O bambu cultivado e vendido às grandes indústrias ao qual está vinculado, proporciona renda, alimentação e moradia em todo o mundo. Nos bambuzais, a história era bem diferente.

O clima quase sempre era o inimigo, faça chuva ou faça sol o sofrimento naquele trabalho era para mim um sofrimento infindável. A refeição era realizada entre os feixes de bambus, a comida era fria, a água era bebida direto na fonte. A companhia das cobras era comum. Nossas necessidades eram feitas por trás das moitas. E equipamentos de proteção e uniforme eram a minha sorte.

Para garantir uma remuneração melhor, tentávamos dobrar ou triplicar o volume diário de bambus cortados e carregados e, felizmente tendo a sorte como protetora não tive os mesmos problemas de saúde enfrentados por muitos que lá trabalhavam.

Lembro-me do meu pai Cledir, conhecido como Tesourinha, o qual era um bom exemplo dessa busca sofrida, mas necessária por produtividade. O apelido, Tesourinha ganhou dos outros cortadores - cada cortador e carregador tinha um apelido - e lhe foi dado por sua rapidez.

Ele, meu pai - o Tesourinha - cortava por dia quase duas toneladas, enquanto os outros apenas uma. Com isso, meu pai ganhava mais que os outros, mas eu não lembro da quantia exata, nem a dele e nem a minha, pois o que eu ganhava ficava com ele.

Meu pai - o Tesourinha, portanto, era exceção. No entanto, ele sabia, tinha medo que o excesso de trabalho afetasse sua saúde, o que se concretizou. Acabou ganhando um sério problema na coluna. Na época, algumas mortes de cortadores aconteceram e foram associadas a precárias condições de trabalho. Impossível não associar as mortes ao excesso de trabalho nos bambuzais. A maioria dos casos foi morte súbita.

Nove meses se passaram, e eu iria ter meu último dia de trabalho infantil, pois meu pai decidira retornar para São Gonçalo, região metropolitana (RJ), nossa terra natal. Calado, comemorei aquele fim de dia. Do mesmo modo que o primeiro, sob a chuva, mais não torrencial, apenas uma garoa forte, eu terminei meu último dia de carregador infantil de feixes de bambus. Ao descer pela última vez aquele morro e lá em baixo, ao seu pé, olhando para trás, pude ver a imensidão daquele lugar revestido de bambus, e aquela imagem serviu bem à catarse depois de nove meses de bambuzal. Então disse adeus ao trabalho infantil. Mas três coisas daquela época permanecem comigo até hoje: as marcas causadas pelo trabalho duro, os segredos, e a "sorte", minha fiel protetora.

terça-feira, 31 de julho de 2018


SINTA, PENSE, AVALIE E AJA...


Cláudio Alves de Melo

Perguntaram-me: Qual o método?
Respondi: O que liberta.
Perguntaram-me: Qual o objetivo?
Respondi: Libertar.
Perguntaram-me: Qual a teoria?
Respondi: A libertária.
Perguntaram-me: Como?
Respondi: Assim!
Não minta. Argumente!
Não discurse. Converse!
Não complique. Explique!
Não repita. Reflita!
Não simule. Seja coerente!
Não obscureça. Esclareça!
Não suje. Embeleze!
Desmonte para demonstrar.
Desmanche para ornamentar.
Nem ordem, nem desordem,
Nem inversão, nem subversão.
Apenas dê sentido a tudo isso...
Transforme o borrão num desenho.
Assuma: Eu quem fiz...
Siga o seu caminho, respeitando o compasso dos outros...
Então:
Sinta, pense, avalie e aja...

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