Análise do Livro
OLIVEIRA,
Lais e GALVÃO, Maria Clara. Da Escola
Para o Mundo: projetos integradores. 5º ano: ensino fundamental, anos
iniciais. 1 ed. São Paulo: Ática, 2017.
Sobre as Autoras
Laís Oliveira – Licenciada em
Pedagogia pela Universidade de Campinas (UNICAMP-SP).
Maria Clara Galvão –
Licenciada em Pedagogia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (Mack-SP).
Especialista em educação Especial pela Universidade de Franca (UNIFRAN-SP.
Professora de Ensino Fundamental da rede particular de ensino de São Paulo.
1 - IMPRESSÕES GERAIS
A proposta do livro é desenvolver no
decorrer do período letivo projetos interdisciplinares articulando saberes de
diferentes áreas e componentes curriculares, promovendo o debate de temáticas
atuais de maneira contextualizada com a vida cotidiana dos estudantes, as vivências
sociais e a diversidade sociocultural. Nesta linha, o livro busca, a partir de
seus temas, refletir sobre: o respeito à natureza, a promoção e desenvolvimento
de uma sociedade sustentável, consumo consciente e qualidade de vida.
O livro segue a linha interdisciplinar,
em que as temáticas debatidas nos projetos e as atividades são realizadas de
forma articulada com as competências gerais a serem desenvolvidas. A proposta didático-metodológica
apresentada em todo o livro, nos conteúdos, exercícios, ilustrações, sugestões
de leituras e atividades complementares visa promover a compreensão do processo
ensino/aprendizagem de forma progressiva, com o objetivo de desenvolver as competências
e habilidades de compreensão, argumentação, análise e síntese.
O projeto gráfico-editorial do livro é
adequado à faixa etária dos estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental I. As
ilustrações e imagens, estrategicamente, buscam enriquecer visualmente as temáticas
desenvolvidas nos projetos. Além de estarem inseridas ao contexto das temáticas,
despertando no estudante interesse, criatividade e desejo pela leitura.
O Livro
do Estudante apresenta seções fixas organizadas, compostas por quatro projetos,
desenvolvidas em quatro etapas denominadas como “Momentos”.
A
apresentação do Livro do Estudante possui uma parte introdutória, dividida em:
apresentação da obra; roda de conversa; apresentação da temática; e os
objetivos do trabalho. Contém 80 páginas, discute a produção e descarte do
lixo.
1º Projeto: Como produzimos lixo?
É discutido o impacto da produção de resíduos sólidos para o meio ambiente e a
manutenção da vida no planeta Terra. O projeto encerra propondo a criação de
uma exposição oral.
2º Projeto: Resíduos: para onde
vão? Propõe aos estudantes conhecerem as formas de tratamento dos resíduos
sólidos e conclui a ação estimulando a realização de uma campanha de
conscientização, com a participação da comunidade escolar.
3º Projeto: Consumo consciente,
os alunos e alunas, sob a supervisão do professor, aprenderão a fazer
compostagem orgânica. A proposta final é a criação de um canteiro de
compostagem orgânica.
4º Projeto: ReutilizArte! Tem a
proposta de reutilizar e transformar resíduos sólidos em Obras de arte, além de
refletir sobre o impacto do acúmulo de lixo. A culminância do projeto é a
confecção de obras de arte com resíduos sólidos, com a finalidade de fazer uma
intervenção artística na escola e discutir a questão do acúmulo de lixo e da
reutilização.
O Manual
do Professor contém 63 páginas, e é composto por uma parte geral e uma
introdutória com esclarecimentos sobre o trabalho com projetos, a importância
da interdisciplinaridade no contexto da escola do século XXI e, o trabalho
coletivo, além de discutir o desenvolvimento de habilidades e competências. Na segunda
parte do Manual do Professor é reproduzido o Livro do Estudante em sua
integralidade, com sugestões e propostas para orientar o desenvolvimento dos
projetos até a culminância, abordando as estratégias a serem utilizadas, os
objetivos das atividades, as habilidades a serem desenvolvidas em cada conteúdo
disciplinar e as competências gerais alinhadas à BNCC.
2 - DISCUSSÕES TEÓRICAS – Recortando a análise – O 4º Projeto
O sistema escolar contemporâneo precisa
estar atento e favorável à diversidade, à equidade, à pluralidade da sociedade
atual. Nesta perspectiva, percebemos que as temáticas são relevantes cumprindo
as exigências das legislações vigentes. O 4º projeto em destaque aborda a
temática de forma instigante e problematizadora, promovendo o trabalho coletivo
de forma crítica e consciente.
O 4º projeto em geral, de maneira
processual, trabalha com projetos interdisciplinares, que aos poucos vai se
complexificando no decorrer de suas atividades, com isso acredita-se que ocorra
desenvolvimento de competências e habilidades individuais e coletivas.
O 4º Projeto tem uma proposta
interdisciplinar que dialoga com os conteúdos dos componentes curriculares do
Ensino Fundamental I (5º ano). No Manual do Professor para esse projeto há orientação
para que as atividades sejam realizadas frente a várias linguagens, verbais e
não verbais.
O 4º Projeto em termos teórico-metológicos,
se baliza numa perspectiva construtivista, pois promove a construção do
conhecimento de forma processual, além de estimular uma aprendizagem dialógica,
aquela que conversa com a realidade dada.
A avaliação do estudante acontece de
forma contínua durante todo o processo de desenvolvimento do projeto atentando
a aprendizagem individual e a coletividade. Ao final, reserva-se tempo para a
autoavaliação, o que estimula o protagonismo do estudante.
É perceptível a possibilidade dos
estudantes realizarem durante o desenvolvimento desse projeto no ensino
fundamental uma prática pedagógica diferenciada, instigante, divertida e
crítica mediada pelo educador.
O PCN - Meio Ambiente
propõe que, no processo educacional escolar, os jovens adquiram uma postura
crítica sobre questões ambientais no seu dia-a-dia. Defende-se, portanto, no
âmbito escolar, uma profunda revisão da relação entre sociedade e natureza e
que se traga, para o centro dessa revisão, a busca da superação da concepção
que deixa a espécie humana fora do meio natural. (MATOS, REIS e BONFIM, 2017,
p. 3).
O 4º projeto exercita:
Ø A curiosidade intelectual, a responsabilidade socioambiental, a
importância e a necessidade da coletividade, buscando envolvimento da comunidade
em ações coletivas.
Ø A prática de pesquisa tanto por meio de leitura e de acesso a
dados contidos em textos, quanto por meio de entrevistas e levantamento dos
seus próprios conhecimentos prévios.
Ø A interação, o convívio social, o trabalho coletivo, a resolução
de problemas, a realização de experimentos, organização de exposição, visitas,
escrita coletiva, mostras culturais, exposição oral, dentre outras.
Para que as crianças sejam instigadas a
se interessarem a realização de pesquisas investigativas o referido projeto as
estimulam a formular hipóteses críticas a partir da Educação Ambiental Crítica
que apresenta:
[...] a complexidade
da relação ser humano-natureza que privilegia a dimensão política da questão
ambiental e questiona o modelo econômico vigente, apresentando a necessidade do
fortalecimento da sociedade civil na busca coletiva de transformações sociais.
(MATOS, REIS e BONFIM, 2017, p. 3).
As atividades propostas no 4º projeto estimulam
a autonomia, a criticidade e a oralidade. É perceptível que as atividades
apresentam graus que desafiam as crianças, o que permite que a participação nas
atividades seja feita por todos, mesmo numa turma heterogênea. Dessa forma os
conhecimentos prévios das crianças podem ser valorizados e utilizados nas
discussões promovendo de fato a produção de novos conhecimentos, sem a
necessidade de recorrer à tradicional memorização de conteúdo. Ou seja,
As dimensões política
e social da educação e da vida humana são fundamentais para sua compreensão,
mas elas não existem separadas da existência dos indivíduos, de seus valores,
crenças e subjetividades. A magnitude dos desafios e das incertezas que
vivenciamos na alta modernidade não comporta reduções, exige, ao contrário,
abertura, inclusão, diálogo e capacidade de ver o novo e de formular respostas
para além do conhecido. (LAYRARGUES e FERREIRA, 2014, p. 33).
O 4º projeto não se apresenta às
crianças de forma impositiva, mas complementa o processo de ensino aprendizagem
desejado no quinto ano de Ensino Fundamental I tratando as questões ambientais
segundo a perspectiva “pragmática”. Interessante, que há espaço para que o professor,
caso queira, dependendo do seu grau de autonomia e inovação possa ir por outros
caminhos pedagógicos alternativos.
CONCLUSÃO
Percebemos que praticamente o livro todo
possui de certa maneira a responsabilidade de oportunizar aos estudantes e
professores reflexões sobre temas sócios ambientais relevantes e atuais, de
forma a problematizar criticamente as ações escolares.
A nosso ver, são temas que promovem e
estimulam a conscientização, a criticidade, a responsabilidade social e
ambiental, a valorização cultural e artística; e ainda estimulam a tolerância,
o respeito à diversidade ambiental, e o compromisso político-social-ambiental.
Do ponto de vista do processo de ensino
e aprendizagem, o livro valoriza o conhecimento prévio da criança, o que
estimula sua capacidade de argumentação, o autoconhecimento e a auto avaliação,
e também a ajuda mútua e a coletividade, bem como o pensamento
crítico-reflexivo e o compromisso social em prol da manutenção de uma nova sociedade
mais ética, tolerante, e humana.
BIBLIOGRAFIA
LAYRARGUES,
Phillippe Pomier & LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. As macrotendências político-pedagógicas da educação ambiental
brasileira. Ambiente & Sociedade n São Paulo v. XVII, n. 1 n p. 23-40 n
jan.-mar. 2014.
MATOS,
Daniel Costa; REIS, Wellington Dutra & BOMFIM, Alexandre Maia. O tema transversal “Meio Ambiente” em
livros de Ciências do ensino fundamental. Atas do XI Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências – XI ENPEC UFSC, Florianópolis, SC – 3
a 6 de julho de 2017.